Todo dia, minha mãe me pergunta, se eu não tenho vontade de fazer intercambio, e eu sempre respondo que não gosto de viajar. Esta resposta é tão simples, eu gosto de ficar onde sei que tenho amigos, que estarão comigo para tudo.
Nunca esqueço,a história na qual mais me marcou,foi quando estava em São Leopoldo, andando com meu melhor amigo de noite. Era verão, quente, bem abafado. Estávamos andando de skate aos arredores do seu condomínio,quando resolvemos descer uma lomba,então se preparamos para desce – lá, eu não sei o que eu sentia direito, porque era um sentimento muito mais do que de liberdade, era um sentimento no qual eu saberia que ficaria para sempre. Quando estávamos no topo da lomba, ele me disse:
- É muito movimentada esta rua, eu vou na frente para caso aconteça alguma coisa,que seja comigo.
Como todo adolescente acha que nunca acontece nada de grave, nem dei muita bola. No meio da lomba, ele tropeçou em uma brita. E caiu no meio da rua, e um carro o atropela. No mesmo instante, eu pulo do skate e fui ajudá-lo. Em questão de 5 minutos, chegou uma ambulância, e o socorreu. Ele foi internado no Hospital Regina, em Novo Hamburgo, como eu iria dormir lá, eu nem avisei minha mãe e fiquei lá, esperando, meu melhor amigo, que estava em estado crítico, voltar. Fiquei a noite inteira pensando nos momentos em que passamos juntos, e por um instante, achei que o veria de novo. Então por volta das 6 horas da manhã, o médico baixa a cabeça e fala:
- Não foi possível resgatá-lo. Sinto muito.
No seu enterro, fiz um texto, no qual nunca me esqueço de uma frase: “Posso não vê-lo, mas eu sei que ele estará lá em cima, torcendo não só por mim, mas por todos que foram de algum modo parte de sua vida.”
E até hoje, eu não vou encontrar nenhum lugar na minha vida mais bonito, sem ser São Leopoldo, pois aqui, é onde eu me sinto seguro, sabendo que tudo que eu estou vivendo, não está sendo em vão.
